Movimento acelerou nas últimas semanas, e estudo mostra que montante até 31 de dezembro pode alcançar até R$ 170 bilhões
A reforma do Imposto de Renda motivou uma corrida por anúncios de dividendos no fim de 2025. A nova regra prevê tributação de 10% sobre pagamentos mensais acima de R$ 50 mil para pessoas físicas a partir de 2026, mas mantém isenção para lucros apurados até dezembro de 2025, mesmo que distribuídos até 2028.
Nos últimos dias, Itaú (ITUB4) e Vale (VALE3) anunciaram distribuições de R$ 23,4 bilhões e R$ 15,3 bilhões, respectivamente, juntando-se a nomes como Marcopolo (POMO4), Vulcabras (VULC3) e Azzas (AZZA3). Mais recentemente, engrossaram o caldo Axia (AXIA3; AXIA6), com dividendos de R$ 40 bilhões por meio de uma nova classe de ações PNC; e WEG (WEGE3), que aprovou um dividendo complementar de R$ 1,43 bilhão.
O que explica a movimentação
A combinação entre a isenção preservada para lucros já apurados e a tributação futura levou empresas a reorganizar seus cronogramas de distribuição.
No caso da Axia, o uso da ação PNC foi estruturado para resolver o conflito entre a Lei das S.A., que exige a distribuição no mesmo exercício, e a regra tributária, que permite declarar agora e pagar até 2028. Segundo a Genial, a solução “compatibiliza as exigências legais sem perda do benefício tributário”.
Já o Itaú BBA destaca que o modelo não altera automaticamente o volume de dividendos: “Não implica dividendos mais altos. A estratégia organiza o processo diante da mudança tributária.”
Para companhias como WEG, a antecipação de pagamentos originalmente previstos para 2026 segue a mesma lógica: declarar dentro de 2025 mantém o benefício fiscal para proventos que serão desembolsados nos próximos anos.
Quem pode anunciar até o fim do ano
A XP mapeou empresas com maior probabilidade de antecipar dividendos antes da virada da regra. O resultado: a estimativa é que o volume de antecipação pode chegar a R$ 170 bilhões até o fim do ano.
O filtro considerou alavancagem abaixo de 2 vezes Ebitda, payout esperado positivo, histórico regular de pagamentos, avaliação setorial de probabilidade média ou alta e reservas suficientes para gerar yield potencial mínimo de 10%.
A lista reúne 25 empresas, com capacidade combinada de R$ 170,3 bilhões, o que corresponderia a um yield potencial de 27,1% caso distribuíssem integralmente seus saldos.
Mesmo distribuições parciais teriam impacto relevante:
- 25% do potencial: yield de 6,8%
- 33%: 8,9%
- 50%: 13,5%
“Naturalmente, é pouco provável que as companhias distribuam todo o seu potencial. Ainda assim, mesmo cenários de distribuição parcial implicam rendimentos relevantes: uma distribuição de 25% do valor potencial resultaria em um yield de 6,8%; uma distribuição de 33%, em um yield de 8,9%; e uma distribuição de 50%, em um yield de 13,5%”, aponta a equipe de estratégia.
Fonte: InfoMoney