Seacrest Petróleo pede recuperação judicial após cobrança da Petrobras e do ex-assessor financeiro 

Companhia soma dívida de R$ 3,3 bilhões, incluindo débito com a estatal brasileira e com Houlihan Lokey

Com uma dívida de R$ 3,3 bilhões, a Seacrest Petróleo entrou com pedido de recuperação judicial no TJ de São Paulo. A empresa busca a suspensão das execuções de cobrança e vencimento antecipado de dívida pelo período de 180 dias.

A decisão de seguir esse caminho veio após a empresa sofrer pedidos de execução de dívida de R$ 3 milhões por parte do Houlihan Lokey, que era assessor financeiro da Seacrest. Além disso, há discussões financeiras com fornecedores essenciais, como a Petrobras– a brasileira conseguiu ontem derrubar a liminar que a impedia de cobrar uma fatura de US$ 70 milhões.

No caso do Houlihan, o embate não é com a ex-cliente, mas com os novos acionistas, credores que assumiram a companhia em janeiro e eram justamente a contraparte com quem o assessor financeiro renegociava. De posse da companhia, os credores bloquearam o pagamento do serviço. “Depois que viraram acionistas os bancos se negaram a pagar os fornecedores da renegociação”, diz uma fonte. 

Já a Petrobras, que é maior credora da companhia, está cobrando uma dívida referente às parcelas pendentes da venda de campos no Espírito Santo. A Seacrest alega que não tem condições financeiras para arcar com tal despesa e que isso poderia acelerar outras dívidas do grupo.

No fim de dezembro, a empresa entrou com uma ação no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) alegando quebra de contrato pela Petrobras. Segundo a Seacrest, a estatal não teria realizado reparos em oleodutos submarinos, o que constava no contrato de compra e venda dos campos terrestres, o que a Petrobras contesta.

Os credores que assumiram a companhia este ano executaram uma dívida de US$ 300 milhões e trocaram a administração da empresa. O montante se referia a um financiamento contratado com um sindicato de bancos, coordenado pelo Morgan Stanley, para a compra do campo Norte Capixaba. Os bancos repassaram as ações em garantia para a Geribá, que assumiu o negócio. A companhia ainda anunciou, em 19 de fevereiro, a conversão de US$ 28,7 milhões de bonds em ações.

A Seacrest tem origem norueguesa, com sede nas Bermudas e ações listadas na Bolsa de Oslo, na Noruega. O pedido de RJ inclui as subsidiárias Seacrest Petróleo Norte Capixaba e Seacrest Petróleo Cricaré Bermuda e também a empresa sediada no exterior Seacrest Urugay.

O grupo foi fundado em 2019 e fez as transações com a Petrobras por Norte Capixaba e Cricaré em 2021 e em 2023. A companhia tinha um ambicioso programa de perfuração de 300 poços no norte do Espírito Santo, com o objetivo de triplicar sua produção até 2025. Contudo, com a elevação dos custos operacionais e a queda do preço do petróleo, a companhia teve redução das margens de lucro. 

O grupo ainda cita na petição, assinada pelo escritório TWK, que o aumento da taxa de juros, a instabilidade política e a falta de previsibilidade regulatória afetaram o ambiente de investimentos no mercado de petróleo e gás, reduzindo o interesse de parceiros estrangeiros e impactando diretamente a captação de novos recursos. Com o agravamento da situação financeira, ao Seacrest começou a atrasar pagamento de fornecedores e o pagamento de bonds emitidos no exterior.

No terceiro trimestre, a Seacrest teve uma produção de 6,8 mil barris de óleo equivalente por dia (boe/dia) e conta com aproximadamente 300 colaboradores diretos e mais de mil indiretos no Polo Cricaré, Polo Norte Capixaba e Terminal Norte Capixaba.

Fonte: O Globo

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