Lula defende imposto global de 2% sobre ‘super-ricos’ para financiar combate à fome

Em Roma, presidente sugeriu que a fome é um problema de escolha política dos governos e criticou tarifas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a implantação de um imposto global de 2% sobre os ativos dos “super-ricos” para custear ações multilaterais de combate à fome e à pobreza, durante discurso no Fórum Mundial da Alimentação, em Roma, nesta segunda-feira (13/10).

Lula citou que hoje, o mundo produz comida suficiente para alimentar “uma vez e meia” a população mundial, mas 673 milhões de pessoas ainda estão em situação de insegurança alimentar segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). E sugeriu o imposto como uma forma de reverter a situação.

“Com base em dados do Programa Mundial de Alimentos, é possível estimar que garantir três refeições diárias a essas pessoas custaria cerca de 315 bilhões de dólares. Isso representa 12% dos 2,7 trilhões de dólares consumidos anualmente com gastos em armas. Estabelecendo um imposto global de 2% sobre os ativos de super-ricos, obteríamos esse montante”, disse.

Em sua fala, o presidente também afirmou que a fome é “inimiga da democracia e do pleno exercício da cidadania”, além de uma questão de escolha política, e não apenas uma questão econômica.

“A fome não é só um problema econômico. É sobretudo um problema político. É uma questão de opção, de saber para onde vai o dinheiro que o Estado arrecada. É preciso saber se as pessoas estão pagando os tributos certos por aquilo que ganham no país”, opinou.

Ainda segundo o presidente, a fome “é irmã da guerra”, que pode ser feita com armas e bombas ou com “tarifas e subsídios” e um “sintoma do abandono das regras e das instituições multilaterais”, como a Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Não se trata de assistencialismo. É preciso colocar os pobres no orçamento e transformar esse objetivo em política de Estado para evitar que avanços fiquem à mercê de crises e marés políticas. Países com orçamentos pequenos podem e precisam fazer essa escolha”, defendeu.

Fonte: O Tempo

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