Controladora do aeroporto de Guarulhos chega a acordo com credores e evita (por enquanto) a rota da recuperação judicial

Invepar chegou a acordo com credores na véspera de uma assembleia geral extraordinária, que deliberaria sobre o possível pedido de recuperação judicial

Aos 45 do segundo tempo, uma das principais empresas de infraestrutura de transportes do Brasil conseguiu evitar entrar em recuperação judicial. Com dívidas de mais de R$ 1,5 bilhão, a Invepar chegou a um acordo com credores. 

A companhia é acionista majoritária da GRU Airport, que controla o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e da Linha Amarela (Lamsa), no Rio de Janeiro.

Segundo documento divulgado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa celebrou ontem (16) um contrato de standstill, ou seja, um acordo para a suspensão do pagamento de dívidas, com prazo de 15 dias, que pode ser prorrogado por mais 15 dias.

O processo foi realizado junto aos principais credores da Invepar: Banco do BrasilBradescoBanco de Desenvolvimento de Minas Gerais(BDMG), Itaú Unibanco e Mubadala.

O contrato entre as partes foi anunciado na véspera de uma assembleia geral extraordinária, na qual os acionistas decidiriam sobre o possível pedido de recuperação judicial da Invepar. A reunião estava marcada para esta terça-feira (17).

Em nota, a companhia afirmou que o fechamento do acordo permite a construção de uma saída negociada entre as partes. 

O documento ainda precisa passar pelo aval da Justiça. Porém, como há entendimento entre as partes, a expectativa é de aprovação.

Invepar em negociação para escapar da recuperação judicial

No último mês, a Justiça chegou a conceder à Invepar um prazo de 30 dias para entrar com um pedido de recuperação judicial caso não conseguisse um acordo com os credores.

O prazo expirou nesta segunda-feira (16). Porém, no mesmo dia, a companhia formalizou a prorrogação na Justiça.

Segundo o Broadcast, a Invepar pediu mais tempo para avançar nas negociações com o Mubadala Capital, fundo soberano de Abu Dhabi e credor de metade dos R$ 650 milhões em debêntures emitidas pela empresa. As negociações com o fundo vêm sendo as mais difíceis para a companhia.

Já o Mubadala solicitou o vencimento antecipado da dívida. O pedido foi em razão do descumprimento de obrigações previstas em contrato por dois meses, no valor de R$ 30 milhões. 

O contrato envolvia o repasse de dividendos da Lamsa, que vivia um imbróglio com a Prefeitura do Rio de Janeiro, após o governo do então prefeito Marcelo Crivella romper unilateralmente a concessão da administração da Linha Amarela.

Além disso, também incluía parte dos recursos levantados com a venda da participação de 4,73% no VLT Carioca para a Motiva (ex-CCR), concluída em março deste ano.

Porém, no último sábado, a Invepar chegou a um acordo com a Prefeitura do Rio de Janeiro para manter a vigência da concessão da Lamsa até o final do prazo contratual estabelecido, ou seja, em 2037.

O fim do imbróglio, que já durava quase seis anos, foi essencial para destravar as negociações entre a empresa e o Mubadala Capital, segundo fontes do Valor Econômico. Isso porque a concessionária poderá ser usada para quitar as dívidas com o fundo.

Além do fundo Mubadala

Já a outra metade dos R$ 650 milhões em títulos devidos pela Invepar está nas mãos dos fundos de previdência Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa). Porém, por serem acionistas da empresa, estão impedidos de votar em deliberações relacionadas às debêntures.

Segundo o jornal O Globo, a Invepar também está em negociação com bancos fiadores de um contrato de financiamento celebrado entre a Via 040, subsidiária da companhia, e o BNDES.

O acordo era voltado para a concessão da rodovia BR-040 nos dois primeiros anos. Porém, no ano passado, ela foi devolvida, e a Via 040 deixou de operar.

Ainda segundo o jornal, a expectativa é que as negociações da Invepar levem a uma recuperação extrajudicial, ou seja, o processo ocorreria fora da Justiça.

Fonte: Seu Dinheiro

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