Ambipar pede recuperação judicial no Brasil e nos EUA

Com dívidas que somam cerca de R$ 10 bilhões, a empresa informou que fez o pedido depois de encontrar possíveis irregularidades na contratação de operações de swap pela diretoria financeira e após a saída repentina do antigo diretor financeiro.

A Ambipar pediu recuperação judicial — uma medida usada por empresas com dificuldades para pagar suas dívidas — na segunda-feira (20), no Rio de Janeiro. 

A decisão foi tomada com urgência pelo conselho da companhia de gestão de resíduos por causa da falta de dinheiro em caixa e do risco de ter que pagar rapidamente dívidas que somam bilhões de reais.

O pedido inclui outras empresas do grupo, como a Environmental ESG Participações.

Nos Estados Unidos, a Ambipar Emergency Response, que faz parte do grupo, também entrou com um pedido de falência dentro das regras do Capítulo 11, que é o equivalente americano à recuperação judicial.

Segundo a empresa, as medidas foram tomadas depois que surgiram suspeitas de irregularidades em operações financeiras (chamadas de swap) feitas pela antiga diretoria financeira. Essas suspeitas vieram à tona após a saída repentina do antigo diretor financeiro, João de Arruda.

A Ambipar afirmou que o episódio abalou a confiança do mercado e fez alguns credores cobrarem o pagamento antecipado de dívidas.

A situação se agravou no fim de setembro, quando as ações da Ambipar despencaram depois da troca de diretor financeiro. O cargo passou a ser ocupado por Ricardo Garcia, que também é o responsável pela área de relações com investidores.

No pedido apresentado à Justiça, os advogados da empresa informaram que já há uma investigação criminal em andamento para apurar a conduta do ex-diretor e de seus aliados. 

A Ambipar contratou a consultoria FTI Consulting para investigar o caso e buscar punições e reparações pelos prejuízos causados.

O que está acontecendo com a Ambipar?

Os rumores sobre o pedido de recuperação judicial da Ambipar começaram no dia 7 de outubro.

A decisão vem pouco tempo após a empresa ter obtido uma liminar da Justiça do Estado do Rio de Janeiro que impedia temporariamente o vencimento antecipado de suas dívidas, em meio a uma disputa com o Deutsche Bank. 

O banco cobrou um complemento de US$ 35 milhões, o que desencadeou um efeito em cadeia capaz de antecipar o vencimento de dívidas que somam até R$ 10 bilhões.

A perspectiva de que a empresa poderia entrar com o pedido de recuperação judicial aumentou a incerteza e fez com que os títulos da companhia recuassem, o que acabou acionando cláusulas de vencimento antecipado em Certificados de Operações Estruturadas (COEs) de crédito vinculados à companhia.

Crise de COEs abalou a confiança de investidores

Além dos problemas de dívidas em meio à disputa com a Deutsche Bank, a Ambipar esteve no centro de outra polêmica envolvendo os Certificados de Operações Estruturadas (COEs).

No início deste mês, investidores que aplicaram em COEs ligados à Ambipar e à Braskem enfrentaram grandes perdas — de até 93% do valor investido, segundo comunicados de XP e BTG Pactual.

  • 📉 COEs são investimentos que misturam diferentes tipos de ativos financeiros em uma única aplicação. Eles funcionam como uma “embalagem” que reúne instrumentos como ações, moedas, índices e taxas de juros, permitindo que o investidor acompanhe o desempenho desses ativos, com riscos e possíveis ganhos definidos desde o início.

Nos casos envolvendo Ambipar e Braskem, os COEs eram do tipo crédito — ou seja, baseados em títulos de dívida emitidos pelas próprias empresas. 

Como a situação financeira delas piorou, o valor desses títulos no mercado despencou, gerando perdas significativas para quem investiu no COE das duas companhias.

Com isso, muitos COEs foram encerrados antes do prazo, e os investidores receberam valores muito menores do que aplicaram: cerca de 6,88% no caso da Ambipar e entre 26,62% e 36,97% nos da Braskem.

B3 exclui ação da Ambipar

No dia seguinte à crise dos CEOs, a B3 anunciou a retirada das ações da Ambiparde nove índices da bolsa, que também perderão o selo de ações verdes, em meio a preocupações sobre a situação financeira e a governança da empresa.

A exclusão passou a valer a partir do fechamento de 15 de outubro, e a participação da Ambipar foi redistribuída entre outras empresas.

Segundo a B3, a decisão segue as regras internas que permitem retirar ativos para preservar a integridade e a representatividade dos índices.

Fonte: G1

Ainda com dúvidas? Fale agora com um especialista diretamente no WhatsApp: