Produto é muito usado por ter taxas mais em conta que cartões de crédito internacional, mas pode ser afetado pelas novas alíquotas
Na última semana, o Governo Federal comunicou que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) será ajustado. Entre as novas alíquotas, três afetam diretamente viajantes e pessoas que costumam fazer compras no exterior. A primeira é a de cartões de crédito, débito e pré-pagos, que subiu de 3,38% para 3,5%. A segunda e a terceira, respectivamente, foram a de compra de moeda estrangeira em espécie e a de transferências ao exterior, ambas com salto de 1,1% para 3,5%.
Essas mudanças ainda afetam as contas globais – também chamadas de contas internacionais ou transacionais – que eram o caminho mais acessível para gastar e levar dinheiro para outros países e que se popularizaram nos últimos anos, já que elas trabalhavam com taxas menores em relação ao restante do mercado. Até então, a alíquota do IOF caía de 3,38% em uma conta nacional para 1,1% em uma internacional. Diante disso, será que as contas transacionais ainda são o melhor caminho?
Conta global ou cartão de crédito?
É importante destacar que, com as mudanças, o IOF é o mesmo para ambos. No entanto, ter uma conta global pode reduzir o “sofrimento” na hora de viajar. Segundo Rafael Meyer, gestor do Solutions MFO, “manter uma conta em moeda estrangeira pode diminuir a necessidade de conversões frequentes, minimizando a incidência do IOF”. Ele destaca que esse serviço é também uma maneira de diversificar investimentos, com uma “parte do portfólio em moeda forte”.
As contas globais ainda mostram de antemão a taxa de câmbio que será aplicada, proporcionando maior previsibilidade ao consumidor. A dinâmica é o avesso do que acontece com o cartão de crédito, já que a conversão só acontece no fechamento da fatura.
Por outro lado, ele pode ser interessante pelo cashback – que, em alguns casos, vem em dólar ou criptomoeda. Lucas Ghilardi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital, destaca que parte desse retorno vem do gasto com IOF. “Isso pode tornar o custo efetivo total (CET) mais vantajoso, dependendo do ponto de vista”, explica. Outra possibilidade que esse método de pagamento oferece é o acúmulo de milhas.
No entanto, o especialista da The Hill Capital acredita que a conta internacional ainda é mais vantajosa do que o cartão de crédito. “Apesar das campanhas de incentivo, o CET é mais alto”, afirma.
Ele avalia que, inicialmente, é possível que as contas transacionais sejam afetadas pelos ajustes do IOF, mas entende que, aos poucos, as pessoas buscarão saídas. “No final do dia, podemos até encontrar benefícios para a população no longo prazo, que passará a ter acesso a produtos de investimento no exterior, aprendendo mais sobre diversificação patrimonial”, destaca Ghilardi.
Outras alternativas
Para Meyer, antes de mais nada é fundamental ter um bom planejamento financeiro. Segundo ele, isso pode ajudar a encontrar cotações mais favoráveis. O gestor também explica que usar cartões internacionais de débito ou transferências diretas ainda podem garantir uma alíquota inferior em comparação ao cartão de crédito.
Comparar as taxas de câmbio e do IOF entre diferentes instituições também é uma boa estratégia. “É importante que o consumidor busque informações e mantenha-se atualizado sobre as mudanças nas regulamentações. Isso pode ajudá-lo na hora de tomar decisões”, afirma o gestor do Solutions MFO. O spread (diferença entre a taxa do câmbio comercial e o valor da moeda repassado ao cliente) também pode fazer a diferença.
Além das opções mais convencionais, há estabelecimentos que aceitam o Pix Internacional, que também tem um spread mais em conta, função ofertada por empresas como a PagBrasil, Braza Bank e Mercado Pago através de suas plataformas.
Agora, se você faz muita questão de usar uma conta transacional, uma saída é abrir uma voltada para investimento. “A transferência para uma conta internacional de investimentos tem IOF de 1,1%, comparativamente menor”, explica o sócio da The Hill Capital. Ele recomenda que o recurso enviado fique por um período alocado em fundos de Money Market (títulos de dívida de curto prazo, que possuem alta liquidez e baixo risco). “Depois disso, basta transferir para a conta transacional normal e utilizar o cartão de débito”, diz.
Fonte: Forbes