Braskem deve renegociar US$ 8 bi em dívida após entrada de novo sócio

  • Segundo fontes, empresa não prevê converter dívida em ações como temem investidores
  • Novo acordo de acionistas com Petrobras deve ser enviado ao Cade esta semana

A reestruturação da Braskem passará pela renegociação de US$ 8 bilhões em dívida da companhia e por uma maior integração com a Petrobras para enfrentar o ciclo de baixa da petroquímica mundial depois da entrada da gestora de recursos IG4 como acionista, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

Conforme anúncio feito nesta segunda-feira (15), a IG4 comprou por meio de um fundo R$ 20 bilhões em créditos da Novonor detidos por bancos e que tinham como garantia ações da Braskem. Numa operação quase que simultânea, a Novonor também transferiu suas ações para um outro fundo da gestora, que deve passar a deter 50,41% do capital votante da petroquímica quando a transação for concluída.

Não há previsão de conversão de dívidas em ações, segundo a Folha apurou. Por trazer um risco de diluir a posição dos investidores, uma potencial conversão tem afetado as ações da companhia nos últimos dias. Desde sexta, elas caíram 4,9%, encerrando o pregão desta terça a R$ 7,55.

A reestruturação financeira deve passar pela renegociação com detentores de US$ 8 bilhões em títulos de dívida externa da petroquímica para alongar vencimentos ou conseguir desconto na antecipação de pagamentos.

Um novo acordo de acionistas a ser enviado ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) nesta semana prevê maior participação da Petrobras na gestão operacionalda empresa do que a atual, como quer a presidente da estatal, Magda Chambriard, e dá à IG4 posições que a colocam à frente da gestão financeira, mais alinhada com o perfil de um investidor.

Sexta maior petroquímica do mundo, a Braskem sofre hoje com os baixos preços das matérias-primas petroquímicas ao redor do mundo e com um elevado endividamento, que corresponde a 14 vezes o seu Ebitda, indicador que mede a geração de caixa.

O cenário é agravado pelas obrigações com a remediação do desastre de Maceió, com o afundamento de minas de salgema, e pela fragilidade financeira da Novonor, sua controladora, que está em recuperação judicial.

A empresa foi alvo de diversas investidas nos últimos anos, tanto de empresas petroquímicas, como a árabe Adnoc, quanto de investidores financeiros, como o empresário Nelson Tanure, mas nenhuma chegou ao ponto da atual.

Além do pilar financeiro, outra parte do plano é aumentar a competitividade da Braskem e prevê uso mais intensivo de gás natural como insumo para a produção de matéria-prima petroquímica. Em entrevista à Folha na segunda-feira (15), Magda adiantou que pode levar gás do pré-sal ao polo petroquímico da empresa em São Paulo.

A Braskem se vê hoje espremida pela oferta de produtos petroquímicos baratos da China e dos Estados Unidos, ambos feitos com gás natural. A adoção do combustível em substituição à nafta é apontada como uma das principais alternativas de sobrevivência.

A empresa também deve passar a focar em ativos mais rentáveis, que pode significar a busca de novos sócios para unidades da companhia, como ocorre hoje no México, onde a Braskem é sócia de empresa do grupo do bilionário Carlos Slim.

Por fim, a companhia buscará a solução para a crise ambiental em Maceió, um grande fator de incertezas sobre o balanço da Braskem. A ideia é dar celeridade à remediação e a negociações de acordos com todos os atingidos.

Fonte: Folha de São Paulo

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